Par perfeito? Violências {quase} ocultas
- Psicóloga Giselle Nanci Vitoriano Zanirato | CRP14/07467-2

- 24 de jun.
- 3 min de leitura

Quando pensamos em relações abusivas, geralmente pensamos em homens agressivos e declaradamente cruéis. Mas precisamos nos desfazer desse padrão e olhar para as "pequenas" violências que podem estar acontecendo sendo bem maquiadas por alguns comportamentos legais.
As violências podem vir dos bem articulados, inteligentes, com um bom círculo social. Olhos abertos às bandeiras vermelhas!
A ambiguidade do par perfeito:
• Cria uma imagem idealizada de relacionamento e se utiliza de pequenas chantagens para que você não questione
• Se utiliza do relacionamento para ter aprovação e admiração, inclusive de comportamentos disfuncionais
• Se utiliza de elogios quanto às suas habilidades enquanto te sobrecarrega em funções que poderiam/deveriam ser divididas
• Não recebe bem as críticas e observações, se colocando em uma posição vitimista/defensiva e/ou despreocupada
• Coloca o seu valor atrelado à sua serventia para o relacionamento
• Te faz se sentir culpada por precisar do seu momento de descanso e de lazer
• Faz cobranças de atenção excessivas, principalmente quando você está se dedicando à alguma atividade sua
• É insensível às suas demandas
• Coloca grande responsabilidade nas relações sexuais para a manutenção da relação
• Quando há algum tipo de desinteresse sexual, pode deixar implícito uma ameaça de busca fora dos combinados da relação
• Não busca compreender e se dispor a melhorar a relação, te deixando responsável por lidar com as questões sozinha
E você deve estar se perguntando o por que esse perfil seria o Par {quase} perfeito.
Como a relação pode ser mantida em cima de uma idealização de relacionamento leve, desconstruído, inclusivo, unido e elogioso, essas microviolências podem passar desapercebidas ou, quando colocadas em comparação aos perfis mais evidentemente violentos, temos a sensação de que vale a pena, pois há casos muito piores.
Por exemplo, se apresentar como um homem sensível demais pode desestimular conversas importantes, pois as reações são sempre dolorosas demais. As críticas e observações são levadas como uma forma de ofensa pessoal e não aos comportamentos pontuais.
Já os inúmeros elogios às suas habilidades podem estar mascarando um adulto disfuncional em atividades básicas e/ou um desinteresse em dividir a carga da vida com você.
A busca intensa por atenção, principalmente quando você está se dedicando a um momento seu, pode parecer afeto, mas pode ser uma forma de desestimular o seu desenvolvimento pessoal, independência , construção e manutenção de laços sociais e condicionar seus momentos de lazer à ele.
O grande direcionamento ao sexo pode estar mascarado de tesão por você ser "gostosa demais", mas na verdade, pode ser uma válvula de escape dos problemas da relação, ser usada como um prêmio de reconciliação, caso haja briga, ser levado como indicativo da qualidade do relacionamento ou significar seu raro momento de paz.
Estar dentro de uma relação em que as violências são silenciosas é difícil, ainda mais quando a situação geral envolve condições econômicas precárias e/ou dependência econômica, ausência de rede de apoio, filhos, modelos de amor distorcidos, autoestima baixa, dependência emocional, sofrimento psicológica, etc, também não é favorável.
Quando a visão fica confusa, a balança perde a precisão!
Mas se há dúvidas, se você identificou algum desses sinais, observe mais de perto, se escuta e também peça ajuda de pessoas que se importam com você. Muitas vezes as pessoas tem receio de falar espontaneamente o que enxergam de errado, mas se perguntar de forma aberta a escutar, elas podem te dizer.
Se estiver em terapia, conte com todos os detalhes, sem amenizar nada, mesmo que pareça bobo, faz total diferença no direcionamento.
Sair de relações abusivas nem sempre é simples, envolve muito medo, culpa, pena pelo outro. Mas você pode se ver muito melhor sem essa relação, apesar das dificuldades.
E se você conhece alguém que está passando por isso, manda para ela esse post. Tente não se afastar, mesmo que ela não enxergue no primeiro momento. E se houver afastamento, talvez ela precise da sua ajuda quando tudo acabar. Mas leve em consideração seus limites: primeiro a gente coloca a máscara de O² em nós, depois no outro.
O que achou do assunto? Se você se sentir à vontade, pode comentar sua experiência! Será acolhida com carinho 💜
Psicóloga Giselle Nanci Vitoriano Zanirato | CRP14/07467-2


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